Eu não sou feliz...

Um dos comentários mais freqüentes em qualquer entrevista que vejo é:

...e agora que você é uma pessoa feliz...

O que provoca uma imediata reação interna: - Eu disse que sou feliz?
Não sou feliz, e a busca da felicidade, enquanto objetivo principal, não faz parte do meu mundo. Evidente que, desde que me entendo por gente, faço o que gostaria de fazer. Por causa disso já fui para psicologos,psquiatras,terapeutas, perdi e ganhei amigos e namorados com a mesma velocidade. Entrei por caminhos que, se hoje pudesse voltar atrás, talvez tivesse evitado, mas alguma coisa sempre me empurrava para a frente, e com toda certeza não era a busca da felicidade. O que me interessa na vida é a curiosidade, os desafios, o bom combate com suas vitórias e derrotas. Carrego muitas cicatrizes, mas também carrego momentos que jamais teriam acontecido se eu não tivesse ousado além dos meus limites. Enfrento meus pavores e meus momentos de solidão, e penso que uma pessoa feliz jamais passa por isso.
Mas não tem a menor importância: estou contente.
E alegria não é exatamente sinônimo de felicidade, que para mim se parece mais com uma tarde morna de domingo, onde não existe qualquer desafio, apenas o descanso que em algumas horas se transforma em tédio, os mesmos programas de televisão no final da tarde, a perspectiva da segunda-feira esperando com sua rotina.
Comento tudo isso porque fui surpreendida com uma pergunta: "Como uma jovem,bonita,boa profissional,bem amada pode não ser feliz". Eu respondi "Ninguem é perfeita"...É o que dar ter vários conhecidos e viver num mundo de veneno... Claro, tudo tem um preço, mas vale a pena pagar. Eu sou uma eterna apaixonada por palavras. Música. E pessoas inteiras. Não me importa seu sobrenome, onde você nasceu, quanto carrega no bolso. Pessoas vazias são chatas e me dão sono. Gosto de quem mete a cara, arrisca o verso, desafia a vida.

Essa é a minha história. O simples me faz rir, o complicado me aborrece.Tenho sete vidas, três tatuagens, 50 textos, um livro com poucas páginas escritas, alguns centavos no bolso e um coração que ainda pulsa. Minha vida é feita de números, mas gosto mesmo é das palavras. Letras. Frases. Sílabas. Nada me deixa muda, nada me faz parar. (Existe esta vida mesmo ou inventei pra me distrair?).

OBS: Hoje é aniversário da minha felicidade, meu Bernardo, amor maior do mundo, o que eu tenho de mais concreto e certo na vida.